O professor Alberico Alves Silva Filho, coordenador do Curso de Direito da PUC/Minas, fará palestra ilustrada com o título “PATRIMONIALISMO EM MINAS: apropriação do público pelo privado”, na próxima Tarde de Cultura da OAP, no dia 16 de julho. O tema será desenvolvido à luz do sociólogo alemão Max Weber (autor do livro “Economia e Sociedade”) e do jurista gaúcho Raymundo Faoro, autor de “Os donos do poder”, de 1958, revisto e ampliado em 1975. Não se pretende discutir Weber e Faoro – suas obras, ideias, concepções. Apenas utilizá-los como “ferramentas” de análise, de referência, para apreender aspectos da realidade cultural mineira, dados históricos, econômicos, políticos, sociais, jurídicos. Emprega-se termo weberiano cultivado por Faoro: patrimonialismo que, em síntese, significa “que os interesses privados do governante não se distinguem dos interesses do Estado. A indistinção entre público e privado gera uma relação desigual entre governante e governados. (João Antônio, em “Pensar” – Estado de Minas, de 7/11/2009).
Variação do Patrimonialismo de Weber/Faoro está contida no “Coronelismo”. O dicionário Houaiss sintetiza este termo: “Prática de cunho político-social, própria do meio rural e das pequenas cidades do interior, que floresceu durante a Primeira República (1889-1930) e que configura uma forma de mandonismo em que uma elite encarnada emblematicamente pelo proprietário rural, controla os meios de produção, detendo o poder econômico, social e político local.” Vale registrar trecho de crônica de Fernando Brant (E. Minas 2/10/13): “Os coronéis – Lembro-me de ouvir casos, na infância, de coronéis que mandavam e desmandavam em suas terras. Eram chefes políticos que se sentiam donos do território e das pessoas. Exerciam um poder quase absoluto. Existiam também mulheres nessa condição, caso da famosíssima Joaquina de Pompeu, cujos descendentes influíram por décadas na política dos vários partidos mineiros. Os privilégios eram defendidos a bala. O Chapadão do Bugre, de Mário Palmério, faz uma descrição exemplar do que ocorria. Essa é uma realidade que aos poucos foi desaparecendo no Sudeste do país”.
A literatura mineira oferece exemplos variados. Um deles foi produzido pelo escritor, professor, jornalista e jurista mineiro Victor Nunes Leal, membro da Academia Mineira de Letras, nascido em Carangola, Zona da Mata, cujo centenário de nascimento foi comemorado no ano passado. Trata-se do livro “Coronelismo, enxada e voto” (1948), que retrata a realidade mineira.
A coordenação da palestra é do professor Wolney Lobato, professor aposentado do Instituto de Geociências da UFMG, onde foi diretor.
A Tarde de Cultura apresenta também a XXIII MOSTRA DE ARTES PLÁSTICAS DA OAP, com artistas associados da entidade. O convidado é o professor Clébio Maduro, da Escola de Belas-Artes da UFMG, que apresentará gravuras e desenhos. A coordenação é de José Amâncio de Carvalho, professor aposentado da mesma escola e integrante da Comissão Organizadora da Tarde de Cultura da OAP.
Haverá ainda, a Mostra “COLEÇÃO CADERNOS TEMÁTICOS DA OAP”.
A Tarde de Cultura será realizada das 16h às 18h, na sede da entidade, 2º andar da Praça de Serviços,”campus” Pampulha da UFMG. A entrada é franca. Informações pelo telefone 3409-4505.