Tomou posse, no último dia 26, a nova diretoria que vai comandar a OAP nos próximos dois anos. O novo presidente é o professor Tomaz Aroldo da Mota Santos (foto), farmacêutico, que foi reitor da UFMG no período de 1994 a 1998 e da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (2015-2016), e diretor do Instituto de Ciências Biológicas por dois mandatos. Ao lado dele na diretoria estão Magda Velloso Fernandes de Toletino, aposentada da Faculdade de Letras, que será a vice-presidente; Elisabeth Spangler Andrade Moreira, aposentada do ICB, 1ª secretária; Lízia Maria Porto Ramos, aposentada do Centro Pedagógico, 2ª secretária; Antônio Maria Claret Torres, que foi pró-reitor da Administração, aposentado da Veterinária, 1º tesoureiro; e Flávio Ernandes Ribeiro da Cruz, aposentado da Veterinária, 2º tesoureiro. Veja o discurso do presidente, na posse:
Senhoras e Senhores,
Começo agradecendo aos diretores, diretoras, conselheiros e conselheiras que hoje completam seus mandatos, nas pessoas do Presidente José Amâncio Carvalho, Vice-Presidente Heloisa Mamede e os Tesoureiros Rosaura e Sebastião Lira, pela cuidadosa condução da OAP nesses dois últimos anos. Agradeço também às associadas e aos associados da OAP/UFMG pela votação atribuída a nossas candidaturas como expressão de confiança.
Esperamos corresponder a essa confiança especialmente pela observância das finalidades da OAP estabelecidas em seu Estatuto: defesa dos interesses de seus filiados, coordenação de suas ações, oferecimento de informações sistemáticas, realização de atividades de lazer e programas socioculturais, promoção do relacionamento com a Universidade, defesa da universidade pública e gratuita.
Nesta oportunidade, reiteramos os compromissos apresentados na carta de intenções com a qual apresentamos nossas candidaturas. Centradas na ideia de participação, queremos concretizá-las incentivando a presença dos associados e associadas nas atividades tradicionalmente organizadas por nossa entidade bem como nos seus processos de decisão. Isso significa, entre outros aspectos, valorização do Conselho Deliberativo, do Conselho Fiscal, dos Grupos de Trabalho que integram a Diretoria e de outros grupos e comissões cuja criação se mostre necessária ou conveniente.
No campo político, queremos estreitar relações cooperativas com as entidades que representam os diversos segmentos da comunidade universitária, bem como buscar o aprofundamento das relações institucionais da OAP com os órgãos diretivos da Universidade. Nesta oportunidade, muito agradecemos as presenças honrosas de suas respectivas lideranças. No âmbito dessas relações cooperativas e institucionais, é desejo da nossa diretoria estudar a realidade social e cultural dos nossos associados para identificar e propor ações que atendam a demandas por qualidade de vida e orientem nossas atitudes concretas de apoio, quando necessárias. Do mesmo modo, queremos identificar potenciais de contribuição acadêmica e cultural dos nossos filiados para atividades na Universidade assim como para ações culturais de aposentados e pensionistas para aposentados e pensionistas como também para a comunidade externa.
As intenções a que nos referimos neste discurso partem das diretrizes estatutárias, da história da nossa entidade, de sugestões recebidas e da reflexão que fizemos durante o período de estruturação de nossas candidaturas. O que digo a seguir, em parte como perguntas, tem a ver com essas reflexões e sugestões.
Com certa frequência, dizemos uns aos outros que “ saímos da UFMG mas a UFMG não saiu de nós” como expressão do sentimento de pertencimento à comunidade da UFMG. Afinal, nossa vida profissional se passou nesta Universidade.
Sendo assim, é bom conhecermos os elos que nos vinculam à comunidade e a instituição UFMG. São eles ecos do passado? Mas que passado nos é comum? Ou será o futuro? Mas qual futuro? Essas e outras indagações podem ser estímulos para reflexões que apontem caminhos para uma pertença proativa à UFMG e certamente para redefinição de ações coletivas da nossa Organização.
Esse aspecto traz-me à lembrança um ditado que aprendi em minhas aulas ginasiais de latim cuja tradução é mais ou menos a seguinte : “hoje a mim, amanhã a ti”. É claro que o dito, antigo, não se referia a aposentadoria mas a outros inexoráveis caminhos da vida. No entanto, com certa liberdade, podemos pensar que ele vale também para aposentados e futuros aposentados; sugere haver um campo comum de reciprocidade ou complementaridade de ações. Com efeito, o que construirmos hoje como aposentados servirá depois para os que vierem para nossa condição atual; nesse sentido, além das contribuições para a seguridade social, os colegas em atualmente atividade laboral poderão desenvolver condutas que terão repercussão para nosso futuro comum. Que condutas são essas é pergunta que só terá resposta se pensarmos em conjunto sobre ela.
Nós, aposentados e aposentados, já somos quase-velhos; por isso, não podemos fazer planos de prazo muito longo, mas, claro, podemos fazer planos; enquanto os as mais jovens podem fazer planos de longo prazo. No entanto, será que podemos fazer planos que a todos nós incluam? Para saber isso, há que se estreitarem os laços de convivência de jovens e quase-velhos e velhos, provavelmente pela mediação do conjunto de nossas entidades representativas.
Sobre isto vale pensar: a UFMG como instituição tem obrigações morais com os seus aposentados? Quando dizemos: “… a UFMG não sai de nós”… na recíproca, nós saímos da UFMG? saímos do seu horizonte? Penso que não temos ainda respostas para essas perguntas, sobre as quais eu mesmo jamais tinha pensado até encontrar-me aposentado. Portanto, as indagações que proponho devem ser compreendidas como um convite à reflexão de uma comunidade que se pretende como uma comunidade de vida não apenas uma comunidade do trabalho.
Há uma dimensão nessas indagações que é a da memória. Nós lembramos da UFMG; e a UFMG, comunidade e instituição, lembram de nós? E os que hoje estão no dia a dia da Universidade, quando aposentados, serão lembrados?
Tenho a consciência de que a Universidade é obra de muitas gerações: a nossa, a atual, todas as outras que nos precederam e as que virão. Por esse motivo, parece-nos que seria interessante se criássemos mecanismos que nos tornassem permanentes na memória da comunidade. Esperamos contribuições, propostas que nos permitam realizar mecanismo desse tipo; algumas ideias já foram imaginadas com denominações variáveis como “museu da palavra-imagem”, ou “museu da memória” , ou “banco de memória/palavra”; enfim qualquer processo que possa deixar um registro, simples que seja mas dizendo: eu passei por aqui e deixei algo que ajudou a universidade a ser o que ela é… Talvez esse seja um jeito de continuarmos existindo, pelo menos na memória.
Nas nossas intenções, falamos de moradia coletiva para aposentados. Isso é factível? Em que medida? Se pensarmos só nas dificuldades dessa ideia, que não há como realizá-la, nada acontecerá; mas também sem estudar positivamente as possibilidades de concretizá-la não teremos sequer como decidir. Construção? Aluguel? Compartilhamento? Quem se habilita a uma experiência desse tipo? Seria isso um plano de longo prazo? Que tipo de problema essa ideia quer resolver? É o de lidar com a possibilidade de uma vida em comum na maturidade, de pessoas que querem envelhecer juntas e para isso desejam companhia de iguais, de professores, pensionistas, técnicos. O que cabe à OAP é organizar-se para alcançar respostas a essas perguntas e depois, se for o caso, planejar e executar.
Ao apresentar esse conjunto de questões, o que queremos é dizer que a OAP tem sentido como entidade que pensa ou propõe pensar sobre o futuro de seus filiados e de futuros filiados levando em conta que somos muitos, provavelmente ainda dispersos, para o exercício de seus potenciais sociais e culturais.
No entanto, há atividades que podem ser planejadas para um prazo mais curto. Essas estão mais próximas daquelas que a OAP já realiza. Exemplos: atividades culturais, sociais, socioculturais, de lazer, etc. Nós queremos preservá-las e, no que couber e pudermos, aperfeiçoá-las.
Há vários campos abertos para ação dos nossos filiados. Cito como exemplo os cursos livres que podemos dar e receber. Eles podem ser organizados pela OAP para ser ministrados por filiados para filiados ou para pessoas da comunidade em geral. Será necessário identificar, no caso, quais os interesses (acadêmicos) de possíveis cursistas e docentes; envolve identificação de espaços necessários, espaços disponíveis, custos, financiamento (autofinanciamento?) etc. Dá-me a impressão que podem ser de interesse cursos livres rápidos (provavelmente não profissionalizantes ) voltados para melhorar ou atualizar a formação geral, para ampliação do horizonte cultural das pessoas. Igualmente, podemos pensar em cursos livres para a comunidade externa à OAP como ação de solidariedade social.
Há outras possibilidades na área do lazer e atividades socioculturais como viagens, eventos sociais, etc. que a OAP já realiza e que podem ser aperfeiçoados.
Um tema é indispensável para nossas atividades: o da defesa da previdência. É nosso entendimento que a OAP deve estar junta a outras entidades que vem discutido esse tão importante problema em nosso País. Penso que não seria sensato considerarmos que estando usufruindo dos benefícios que a legislação atual nos garante, não tenhamos de nos preocupar com iniciativas governamentais e legislativas que possam alterá-la não em benefício dos trabalhadores e servidores, mas do grande capital.
Esse elenco de ideias, de propostas, só poderá evoluir se fizerem sentido para os filiados e se houver a necessária participação da comunidade universitária como um conjunto, nós incluídos. E é isso que será o norte das nossas ações.
Muito obrigado.